Categoria Dermatologia Cabelos

porDra. Camila Gavioli

Por que sofremos com queda de cabelo?

Quem já passou por um episódio de queda de cabelo sabe como isso pode ser incômodo. Mas por que a queda de cabelo ocorre e como podemos melhorar essa situação?


A queda de cabelo pode acometer homens e mulheres e pode representar um problema interno de saúde, por isso, é fundamental procurar ajuda de um médico dermatologista especialista no assunto. A perda capilar é causada principalmente pela alopecia androgenética (também conhecida como calvície) e pelo eflúvio telógeno.


A alopecia androgenética, como o próprio nome já diz, é uma doença herdada da genética familiar, principalmente do lado materno. Ela é desencadeada pelo hormônio DHT (di-hidrotestosterona), que gera um afinamento progressivo dos fios, tornando o couro cabeludo mais aparente e com falhas. Nos homens, ela se manifesta com entradas e aparecimento da coroa. Nas mulheres, a falha se situa principalmente no topo da cabeça,
simulando uma árvore de natal.


O eflúvio telógeno é uma alteração do ciclo capilar, que gera uma aceleração das fases de crescimento e de queda gerando uma grande perda de cabelo. O paciente percebe fios espalhados pela casa, uma grande queda no banho e ao pentear, formando grandes “bolos” de cabelo a cada lavagem. O eflúvio telógeno geralmente ocorre 3 meses após um evento
desencadeador, como por exemplo: anemia, alterações da tiroide, perda de peso intensa, parada do uso de anticoncepcional, infecções como dengue e COVID, cirurgias, quadro de estresse importante, entre outras causas. O eflúvio telógeno se manifesta como “entradas” nas laterais do couro cabeludo.


Para o correto diagnóstico da causa da queda de cabelo, é necessário o exame físico do couro cabeludo com o exame de tricoscopia (exame com lente de aumento), para avaliação das raízes. Na tricoscopia, o médico dermatologista irá examinar a espessura dos fios, número de fios por unidade folicular, nascimento de novos fios, vascularização e inflamações. Além disso, também é importante a realização de exames laboratoriais.


O tratamento da queda de cabelo depende da causa da perda capilar, da idade e sexo do paciente, de suas comorbidades, dos exames laboratoriais e se existe desejo de engravidar em breve. Por isso, é um tratamento muito individualizado. No geral, fazemos uma combinação de loções, comprimidos e aplicações injetáveis. O que não orientamos é o uso de
vitaminas por conta própria, pois, além de atrasar o correto diagnóstico, também pode mascarar os exames de sangue.

Dra Camila Gavioli
Dermatologista membro da SBD, especialista em queda de cabelo
CRM-DF 25511 RQE-DF 16863

porDra. Camila Gavioli

Cabelos brancos: como retardar o aparecimento?

O pigmento do cabelo é produzido por uma célula chamada melanócito, que está localizada na raiz do fio. Ele produz o pigmento melanina, por meio de uma enzima chamada tirosinase, e transfere esse pigmento para a haste. Para a perfeita atividade da enzima tirosinase, as vitaminas do corpo precisam estar em níveis normais. Logo, já podemos perceber que as pessoas com deficiências nutricionais poderão ter uma menor produção de pigmento e, com isso, maior formação de cabelos brancos. A cada ciclo capilar, ou seja, toda vez que um cabelo cai e se renova, o novo cabelo que nasce já apresenta uma menor quantidade de melanóticos e isso é um processo normal e fisiológico que acontece com a idade, comandado pela genética de cada pessoa.


O aparecimento de cabelos brancos (também chamado de canície) difere muito em relação a etnia, idade e sexo. Os caucasianos geralmente apresentam o aparecimento de cabelos brancos mais cedo do que os asiáticos e os africanos. Vários fatores levam ao surgimento dos cabelos brancos e podemos dividir esses fatores em internos e externos. O fator interno é a herança genética de cada indivíduo, que não podemos modificar. Nos fatores externos podemos citar as agressões que geram a produção de radicais livres, que podem destruir as células produtoras de pigmento e diminuir a atividade da enzima tirosinase. Entre esse fatores encontram-se: radiações ultravioletas, cigarro, nutrição inadequada, deficiência de vitaminas, sedentarismo, estresse e uso de drogas. Aqui eu destaco o tabagismo, um dos maiores produtores de radicais livres de conhecemos.


Então o estresse realmente gera a uma maior produção de cabelos brancos? Estudo recente da USP confirmou esse fato. Logo, cuidado com a saúde mental é de suma importância nesse quesito.


Ainda não dispomos de um tratamento que cura ou reverta de forma permanente os cabelos brancos. Portanto, a forma mais eficaz, rápida e prática continua sendo o uso de tinturas.  A adoção de medidas de melhora do estilo de vida são fundamentais: suspender o tabagismo, praticar exercícios físicos e manter uma dieta saudável. Algumas loções prontas ou manipuladas e medicações orais antioxidantes, com a finalidade de tentar reduzir os radicais livres também podem ser tentadas, porém ainda sem uma confirmação comprovada de melhora dos cabelos brancos.


Dra Camila Gavioli
Dermatologista membro da SBD
CRM-DF 25511 RQE-DF 16863

porDra. Camila Gavioli

Queda de cabelo e vitaminas

QUEDA DE CABELO E VITAMINAS: assunto cheio de controversas que vou tentar elucidar. Sabidamente a deficiência de vitaminas causa queda de cabelo, principalmente a deficiência de ferro. Porém, o excesso de vitaminas também causa queda de cabelo (principalmente o excesso de vitamina A e selênio). Por isso, o primeiro conceito que eu gostaria de passar é: antes de tomar qualquer vitamina, EXAMES DE SANGUE PRECISAM SER AVALIADOS, para que você não piore a sua situação de queda.

Na maior parte das vezes, a própria alimentação supre a quantidade de vitaminas ideais para o corpo, de forma a não termos uma deficiência grave propriamente dita. E quais são os pacientes em maior risco para deficiências reais de vitaminas? Mulheres com menstruação intensa, doenças intestinais, alcoólatras, pacientes que ingerem OVOS CRUS, pacientes com alimentação inadequada, pós cirurgia bariátrica, anorexia e uso de anticonvulsivantes. Esses sim, estão em maior risco de deficiências de vitaminas.

Então, quando um paciente com queda de cabelo deve tomar uma vitamina? Numa primeira situação, quando ele tiver uma DEFICIÊNCIA DELA nos exames de sangue! Ex.: deficiência de ferro e vitamina D devem ser respostas nos pacientes com queda de cabelo. 

E a FERRITINA? Extremamente controverso, encontramos vários dados na literatura médica. A ferritina é o estoque de ferro do corpo e é detectada por um exame de sangue simples. Seus valores normais são amplos, dependendo do laboratório (no geral varia de 10 a 300 o valor normal da ferritina). Mas, para quem tem queda de cabelo, geralmente, tentamos manter a ferritina acima de 40.

Em relação às outras deficiências de vitamina, na teoria, não temos evidências científicas suficientes que suportem a suplementação de rotina para quem tem queda de cabelo (vitamina E, biotina, vitamina B12…). Nesses casos, a avaliação é INDIVIDUAL e essas vitaminas serão receitadas pelo médico que acompanha o paciente. Por isso, novamente, jamais se automediquem. 

E quem não tem deficiência de vitaminas e tem queda de cabelo? Pode tomar vitaminas? Algumas vitaminas sim! Porém, sempre após uma avaliação individual e com exames de sangue, para, novamente, não piorar a queda. Por isso, não posso indicar nenhuma vitamina genérica por aqui. 

E o silício? Alguns trabalhos científicos mostram que certos pacientes podem se beneficiar do uso do silício, pois ocorre um aumento da papila dérmica do cabelo, a “raíz do cabelo” (com consequente aumento na espessura do fio, gerando um fio mais grosso e menos frágil). Novamente, como as outras vitaminas, o uso do silício deve ser prescrito após avaliação médica.

Último topico: veganos e vegetarianos! Existe uma maior incidência de deficiência de zinco, vitamina B12 e ferro. Por isso, esses pacientes devem ser acompanhados de perto, com avaliação laboratorial periódica. 

Dra Camila Gavioli
Dermatologista membro da SBD
CRM-DF 25511 RQE-DF 16863

porDra. Camila Gavioli

Tricoscopia: exame para avaliar queda de cabelo

A tricoscopia é um exame diagnóstico do couro cabeludo e da haste capilar, fundamental para o médico dermatologista especialista em cabelos e queda de cabelo. Permite fazer o diagnóstico das mais diversas formas de alopecias, sendo extremamente importante na avaliação capilar.

A tricoscopia é realizada com lentes específicas que ampliam em 10x até 1000x a imagem do couro cabeludo e do cabelo, dependendo do aparelho utilizado. Pode ser realizada com dermatoscópio manual ou digital e videodermatoscópios.

É um exame fundamental na avaliação, diagnóstico e seguimento dos pacientes com distúrbios capilares, pois permite a análise detalhada das hastes, raízes e orifícios foliculares. Assim, podemos detectar através da tricoscopia: número de fios por unidade folicular, espessura do cabelo, presença ou ausência de fios em crescimento, presença de fios em afinamento progressivo e óstios foliculares vazios. Além disso, também possibilita a avaliação de sinais de inflamação, descamação, lesões pigmentadas, vasos sanguíneos do couro cabeludo e o diagnóstico precoce de lesões pré-malignas e câncer de pele no couro cabeludo.

Ademais, permite a obtenção de fotos ampliadas em cada consulta, para comparação no decorrer do tratamento. Caso o paciente apresente um distúrbio capilar que necessite de biópsia de couro cabeludo, a tricoscopia é o exame que vai guiar o local mais apropriado para o médico realizar a biópsia.

A tricoscopia é indicada para doentes femininos ou masculinos de qualquer idade com queixa de queda de cabelo e/ou alterações do couro cabeludo. É um exame rápido, feito em consultório e indolor.

Dra Camila Gavioli

CRM-DF 25511 RQE-DF 16863
CRM-ES 10863 RQE-ES 10402

porDra. Camila Gavioli

Queda de cabelo pós-parto

A queda de cabelo após o parto é uma queixa muito comum na prática dermatológica. Mas ela ocorre por quê? Antes de começar a falar desse problema, vamos entender alguns conceitos.

O ciclo de vida do cabelo é dividido em três fases:   

  1. Fase anágena: fase de crescimento, que dura em média 2 a 6 anos, na qual ocorre uma intensa multiplicação das células das raízes do fio;
  2. Fase catágena: fase de regressão do cabelo, na qual o fio apresenta interrupção do crescimento, morte de células da raiz e início do processo do desprendimento do cabelo do couro cabeludo. Essa fase dura em média 3 semanas;
  3. Fase telógena: fase de completo repouso do fio, na qual não existe nenhum metabolismo e nenhum crescimento do cabelo. Essa fase dura em médica 3 meses. É interessante ressaltar que a queda do fio ocorre ao final da fase telógena, ou seja, ao final desses 3 meses.

Essas fases são completamente dessincronizadas, ou seja, cada fio se encontra em um estágio de sua vida (temos fios mais novos, mais velhos, alguns crescendo, outros caindo…). Afinal, se todos crescessem e caíssem juntos, de tempos em tempos ficaríamos carecas.

Quando a mulher engravida, ocorre um aumento da quantidade de hormônios (progesterona e estradiol) no sangue. Esses hormônios aumentam a fase anágena (de crescimento) e impedem que os cabelos entrem em fase telógena (de queda).  Por isso, é comum o relato de que o cabelo fica mais cheio e grosso na gestação. Com o parto, ocorre a queda desses hormônios abruptamente e, conseqüentemente, os cabelos entram na fase telógena (de queda), TODOS DE UMA VEZ.  E ao final dos 3 meses da fase telógena, eles caem. Por isso, o mais comum é que a queda de cabelo ocorra após 3 meses do parto, e não imediatamente, uma vez que o cabelo só se desprende do couro cabeludo ao final dos 3 meses da fase telógena.

Logo, o primeiro recado é: a queda de cabelo após o parto NÃO ESTÁ RELACIONADA COM A AMAMENTAÇÃO, muito pelo contrário, a amamentação pode inclusive ter um efeito protetor nessa queda de cabelo. Por isso, não se deve suspender a amamentação nesse período com o intuito de melhorar a queda.

O segundo recado é: se você teve uma queda acentuada em uma gestação, não significa que terá em todas. Geralmente na primeira gravidez a queda pode ser maior.

E o que fazer com essa queda de cabelo? Em primeiro lugar, uma anamnese a fim de investigar o estado de saúde dessas pacientes.  Além disso, realizar exames laboratoriais para excluir anemia e deficiência de vitaminas, que podem ocorrer nesse período. Alguns autores recomendam manter os estoques de ferro mais altos para ajudar na recuperação dos fios, mesmo que a paciente não tenha uma anemia ou uma deficiência propriamente dita.

O couro cabeludo deve ser avaliado com tricoscopia (lentes de aumento) para averiguar se existem outras condições capilares associadas e acompanhar o nascimento dos novos fios.

E existe alguma forma de prevenir essa queda pós-parto? NÃO! Não existe vitamina/ tônico/ shampoo para ser usado de forma a prevenir a queda de cabelo pós-parto.

Existe tratamento? No geral, essa queda melhora espontaneamente em 3 a 6 meses, sem nenhum tratamento, com a recuperação completa dos fios. Porém, existem algumas medicações tópicas/orais que podem ser usadas pelas mães que estão amamentando que ajudam a controlar essa fase.

A preocupação da queda de cabelo pós-parto é para aquelas pacientes que já sofrem de algum problema capilar prévio, principalmente a calvície feminina: nesses casos, a perda capilar pós- parto pode ser um fator agravante do quadro, com menor chance de recuperação dos fios perdidos, se não houver tratamento.

Dra Camila Gavioli

CRM/DF 25.511 RQE/DF 16863

CRM/ES 10.863 RQE/ES 10402